Foto: Helton Carlucho / Foco nas Eleições |
O Trânsito de Salvador
representa um dos grandes desafios para o prefeito eleito. A frota de veículos
da cidade aumentou 43% nos últimos 10 anos, o terceiro maior crescimento entre
as cinco mais populosas cidades do país: São Paulo (39%), Rio de Janeiro (36%),
Brasília (51%) e Fortaleza (51%).
Caso o ritmo permaneça o mesmo,
com o crescimento médio de 6% ao ano, devido, em grande parte, aos incentivos
do governo federal para aquisições do carro zero, a capital baiana terá mais de
1 milhão de veículos para uma população de quase 3 milhões de pessoas em 2016,
o quarto ano do mandato do próximo gestor. O aumento de carros em uma cidade
que não possui planejamento urbano está causando uma série de mudanças no
cotidiano dos moradores da capital.
A dona de casa Maria do Rosário,
que mora em Pau da Lima há quatro anos, já cansou de desmarcar compromissos por
conta do trânsito. “Quando tenho que fazer alguma coisa no Centro, saio duas
horas antes. Aqui é tudo bagunçado. Ninguém respeita nada”, reclama. De acordo
com o professor do curso de Urbanismo da Universidade do Estado da Bahia
(Uneb), e do Departamento de Transportes da Universidade Federal da Bahia
(Ufba), Juan Pedro Moreno Delgado, o problema de mobilidade reflete a saturação
das grandes avenidas de Salvador, a origem está na falta de controle no uso do
solo da cidade, onde foram construídos muitos empreendimentos sem estrutura nas
ruas. "A cada ano, a cidade vai parando mais", alerta. A ausência de
planejamento urbano é apontada por todos os especialistas como um dos
principais problema do tráfego.
O fato é que Salvador não se
preparou para receber o boom dos milhares de veículos que chegam às ruas todos
os meses, apesar de desde a década de 70 já se chamar a atenção para a
impossibilidade de dissociar o trânsito do planejamento do uso do solo. Júlio
Moreno, jornalista e autor de “O futuro das cidades”, relata, que o conceito
clássico que se tem do planejamento urbano relaciona essa atividade à
utilização de planos e regulamentos para guiar o uso do solo, com o objetivo de
controlar o crescimento das cidades. E tal foi, de fato, o planejamento urbano
praticado entre os anos 1950 e 1970, época em que proliferaram os planos
diretores, as leis de zoneamento e os códigos de obras no mundo todo, inclusive
nas grandes cidades brasileiras.
Por Laila Cristina
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